domingo, março 05, 2006

E até já leio poesia...

Blues para um Funeral

Parem os relógios, desliguem os telefones,
Não deixem o cão ladrar ao ver os ossos.
Mantenham os pianos fechados e batam em tambores,
Tragam o caixão, e a segui-lo o cortejo fúnebre.

Que o avião circule sobre nós em sinal de luto
escrevendo com fumo no céu: Ele morreu.
Enfeitem com laços as pombas da cidade,
E aos polícias de trânsito ponham luvas pretas algodão.

Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, a folga de domingo,
O meu dia e noite, a minha conversa e a minha canção.

Pensei que o amor era eterno: enganei-me.

As estrelas não são preciosas: apaguem-nas todas,
Embrulhem a lua e escondam o sol,
Esvaziem o oceano e varram a floresta,
Porque o que resta não vale a pena.

W. H. Auden, in Poemas de Amor

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